quarta-feira, 9 de março de 2011


Eu sabia, eu juro por Deus e pelas coisas grandes do mundo que eu já sabia.

Eu sabia que aconteceria. No dia em que te conheci, no dia em que olhaste para mim com aqueles olhos pretos penetrantes, em que sorriste e riste com aquelas gargalhadas irritantes e contagiantes; nesse dia eu percebi que me irias magoar muito.
Mas mesmo assim entreguei-me. "moça tontaaaa, ele não é homem para ti, vê lá o que fazes" Eu sabia, mas fiz de conta que não. Várias vezes chegou quase ao fim, mas qualquer coisa reviveu, pois as bonecas são para brincar, né amor? Pois sim, também já sabia disso. As bonecas são bonitas, até que perdem a piada e os jogos são cansativos e parvos, um dia lembramo-nos de que existem e brincamos às casinhas outra vez um bocadinho, mas quando a mãe chama para ir jantar, lá vão elas para o armário outra vez. Já sei onde é que isto foi parar, sempre soube, e não tive coragem de me preparar para voltar à caixa.
Mas a culpa é das bonecas, a culpa é delas por deixarem de ser bonitas, a culpa é sempre delas porque já não são novas e há outra mais e melhor nos anúncios publicitários. Culpem as bonecas por quererem viver, respirar, sorrir e amar. Dispam-nas de vergonhas, de pudor; dispam-nas de emoções e convertam-nas em peões de tabuleiro; transformem-nas em monstros.
Culpem-nas à força toda, mas não queiram que eu seja uma.

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